Doutorado em Ciências Florestais está de volta na Ufra
Após um período de descredenciamento e diminuição de nota, ocorrido durante avaliação quadrienal 2013-2016, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) autorizou nesta segunda-feira (10), que o curso de Doutorado volte a fazer parte do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPGCF) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). O pedido da universidade foi atendido após o PPGCF passar por um processo de reformulação, atendendo aos critérios exigidos pela Capes e pelo Ministério da Educação.
Após as etapas de autorização e reconhecimento pelo MEC, será aberto o processo seletivo para o novo curso de Doutorado em Ciências Florestais, ainda sem data prevista, voltado para Conservação e manejo dos recursos florestais. De acordo com o coordenador do curso, professor Rodrigo Geroni, essa é uma área que gera contribuições essenciais para a preservação da Amazônia e a promoção de um futuro sustentável para a região. E o mercado de trabalho também está atento a esses profissionais.
“Ter um curso de doutorado em Ciências Florestais no meio desse Bioma permite o desenvolvimento de pesquisas avançadas voltadas para a conservação e o manejo sustentável desses recursos. Isso é fundamental para garantir a preservação da biodiversidade, a proteção dos ecossistemas e a utilização responsável dos recursos florestais, considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais. A Amazônia apresenta uma imensa diversidade biológica e é um ambiente propício para a realização de pesquisas científicas de ponta. Essas pesquisas contribuem para o desenvolvimento de tecnologias, práticas de manejo sustentável, soluções para os desafios ambientais e a promoção da inovação na área. A Amazônia possui um potencial significativo para a bioeconomia, ou seja, a utilização sustentável dos recursos biológicos em atividades econômicas. Um curso de doutorado em Ciências Florestais capacita os estudantes a desenvolver pesquisas e projetos que explorem esse potencial, buscando alternativas sustentáveis de uso dos recursos florestais para a geração de renda e o desenvolvimento regional, sem comprometer a integridade dos ecossistemas e a qualidade de vida das populações locais”, explica.
Segundo o professor, além de representar continuidade em pesquisas já desenvolvidas no mestrado, a formação avançada de recursos humanos impulsiona a inovação, o empreendedorismo e a competitividade regional, promovendo a interação entre a academia, a indústria e outros setores da sociedade.
“A aprovação de um doutorado pela Capes confere reconhecimento e prestígio à instituição de ensino superior, isso demonstra que a instituição possui capacidade acadêmica e infraestrutura adequada para oferecer um curso de pós-graduação de alta qualidade. A reputação da instituição é fortalecida tanto nacionalmente quanto internacionalmente, o que pode atrair estudantes, pesquisadores e parcerias com outras instituições. O doutorado permite o desenvolvimento de pesquisas de alto nível, que podem resultar em avanços significativos em determinada área do conhecimento, pode aumentar as chances de a instituição receber recursos financeiros para a pesquisa, por meio de agências de fomento e programas de financiamento específicos. Isso possibilita a realização de estudos mais complexos, o investimento em infraestrutura e a contratação de pesquisadores e docentes qualificados, dentre outras possibilidades”, diz.
Recredenciamento
Entre as recomendações e melhorias na pós-graduação para o recredenciamento do doutorado, estava a mudança na nota do curso de mestrado, que em 2022 passou de 3 para 4. “Anualmente, ocorre na Capes a Avaliação de Propostas de Cursos Novos para tentar abrir novos mestrados e doutorados. “Porém, com mestrado 3 não é sequer permitido pedir o doutorado. Isso, na prática, significava que o PPGCF tinha que melhorar substancialmente na quadrienal 2017-2021 para tentar converter a nota 3 em 4 e aí sim ter permissão de pedir o doutorado de volta”, explicou a professora Lina Bufalino, coordenadora entre 2018 e 2021 e atual vice-coordenadora do programa.
Segundo a professora, foi preciso considerar todas as críticas recebidas na avaliação quadrienal 2013-2016, o que incluía melhorar aspectos como: como ampliação do corpo docente; produção científica dos discentes; internacionalização; infraestrutura, desenvolvimento de site; financiamento de projetos e formalização de parcerias. “Também era necessário um maior cuidado no preenchimento do relatório, o que fizemos. Em 2022, veio a boa notícia, o mestrado PPGCF teve a sua nota convertida de 3 para 4, o que significou a tão esperada permissão para pedir o doutorado de volta. Em Janeiro de 2023, com o apoio da gestão superior, iniciamos o pedido de doutorado que foi aprovado neste mês", disse.
Diante da proximidade com a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), que terá como sede a capital paraense em 2025, a instituição ganha ainda mais visibilidade ao ofertar esse curso, como acredita a professora Lina Bufalino. “Para a ciência na Amazônia, a relevância do PPGCF é imensurável. Estamos falando de um doutorado em Ciências Florestais em um estado essencialmente florestal, quando os olhos do mundo estão voltados para o Brasil em função da COP30. O PPGCF fornece uma formação única em relação a outros Programas de Pós-Graduação no sentido de aliar conservação, utilização sustentável e tecnologia e inovação florestal. Tem aptidão de detectar problemas e propor soluções científicas para que se obtenha o que a Amazônia tem de melhor, garantindo sua continuidade”, diz.
Após a implementação do curso, a Capes realiza um acompanhamento periódico para avaliar a qualidade e o cumprimento dos requisitos estabelecidos. Esse acompanhamento pode incluir visitas in loco, análise da produção científica dos docentes e discentes, monitoramento da infraestrutura e da inserção do curso na comunidade acadêmica e no contexto regional.
Seleção
O processo para o doutorado ainda não está disponível, mas o edital para o mestrado já está na página do PPGCF. As inscrições ocorrem até o dia 03 de agosto e o programa oferta 15 vagas. Mais informações no: https://sigaa.ufra.edu.br/sigaa/public/processo_seletivo/lista.jsf
Texto: Vanessa Monteiro, jornalista, Ascom Ufra
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